Os
espetaculares registros do Rio de Janeiro feitos por Marc Ferrez no século XIX e início do XX
constituem um impressionante documento sobre a cidade. Ruas, personagens,
grandes paisagens, nada escapou das lentes do fotógrafo, cujo acervo pertence
ao Instituto Moreira Salles. Por isso, a possibilidade de descobrir em cada
imagem um detalhe até então impossível de se ver a olho nu significa fazer uma
incrível viagem no tempo e na História. É o que o público poderá experimentar
no site e no aplicativo do Google Arts & Culture, projeto do Instituto
Cultural do Google feito em parceria com diversas instituições ao redor do
mundo, que disponibilizará em poucas semanas na plataforma mais 45 fotos de
Ferrez – e não apenas do Rio de Janeiro. Elas vão se somar a outras dezenas do
fotógrafo já disponibilizadas na coleção pelo IMS, mas com uma grande
diferença: estas foram digitalizadas pelo projeto ArtCamera, do Google, que
desenvolveu uma câmera de última geração capaz de registrar imagens em
gigapixel, compostas por mais de um bilhão de pixels, aumentando incrivelmente
sua resolução.
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Equipe do Google digitalizando fotografias de Marc Ferrez |
O ArtCamera
foi projetado inicialmente para digitalizar pinturas. A primeira exceção foi
aberta justamente para o acervo fotográfico do IMS, e a primeira obra
digitalizada pelo projeto foi uma imagem da Avenida Central, feita por Ferrez
em torno de 1910, já disponível no site desde o final de 2013. É
possível passear pelos detalhes de toda a imagem e perceber, por exemplo, com
impressionante nitidez, no canto direito inferior da fotografia, a expressão de
franco entusiasmo e alvoroço de um grupo de rapazes ao ver passar uma jovem com
as canelas descobertas. Sem a altíssima resolução, a cena tão simples, mas tão
reveladora de uma época seria apenas parte do cenário. Entre as fotos que ainda
chegarão à plataforma há uma bela imagem de trabalhadores no terreiro da
fazenda Monte Café, em Sapucaia (RJ), poucos anos depois da abolição da
escravidão, e outra da construção do Porto de Santos, em 1880.
A captura de cada imagem pode durar
entre cinco minutos e uma hora, dependendo do tamanho da obra, explica o
fotógrafo Olegário Schmitt, que trabalhou na digitalização dos negativos de
vidro de Ferrez. A câmera é acionada e calibrada por softwares desenvolvidos
pelo Google. “É como se cada imagem comportasse outras 80 de alta resolução”,
diz ele. O foco é garantido por laser e sonar que usam alta freqüência de som
para medir a distância em relação à imagem.
“Apesar
da riqueza de detalhes, o time do Google criou um sistema simples de ser
utilizado, que permite fotografar pinturas com ultrarresolução em no máximo uma
hora”, detalha Liudmila Kobyakova, program manager do
Instituto Cultural do Google no Brasil, lembrando que, além do IMS, a ArtCamera
foi utilizada por outras instituições no país como Pinacoteca, Museu de Arte
Moderna de São Paulo, Museu Afro Brasil, Inhotim, Centro Cultural São Paulo,
Casa Guilherme de Almeida e o cartunista Ziraldo.
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Porto de Santos, uma das fotos de Marc Ferrez disponíveis em breve em gigapixel |
As
fotografias de Ferrez digitalizadas pela ArtCamera só serão integradas à
plataforma mais adiante, mas desde o dia 29 de julho quatro novas exposições
virtuais se juntaram às outras oito compostas pelo acervo do IMS (totalizando
352 imagens) no Google Arts & Culture. São duas mostras sobre o Corcovado
(uma registrando o morro antes e a outra depois da chegada do Cristo Redentor); Modernidades fotográficas (em cartaz no
IMS-RJ) e O paço, a praça e o morro,
que ocupa o Paço Imperial até o dia 28 de agosto. Um tourvirtual
pela exposição Modernidades fotográficas também está disponível
no site. No aplicativo do projeto, além do tour virtual pela
exposição, há outro pela casa do IMS-RJ e a própria foto da Avenida Central
feita por Ferrez. Todos podem ser vistos nos cardboards, espécie de
óculos que permite enxergar imagens com realidade aumentada e que são comprados
pela internet.
Além das fotografias e exposições do
IMS, o Google Arts & Culture também botou no ar dia 29 acervos de outras
sete instituições e coleções cariocas: Santuário Cristo Redentor, Secretaria de
Conservação Rio, Museu do Amanhã, Museu de Arte Moderna, Theatro Municipal,
Ziraldo e Instituto Elifas Andreato.
Fonte: ims.com.br
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