O
Milagre dos Andes (22 de dezembro de 1972)
Esse mês completam 40 anos do salvamento do time de Rugby que sofreu um acidente na
Cordilheira dos Andes.
O voo
fretado que transportava a equipe de Rugby Old Christians Club de Montevidéu,
Uruguai, para jogar uma partida em Santiago, Chile, caiu na Cordilheira dos
Andes em 13 de outubro de 1972, uma sexta-feira. Mais de um quarto dos
passageiros morreram no acidente e vários sucumbiram rapidamente devido ao frio
e aos ferimentos. Dos 29 que estavam vivos alguns dias após o acidente, oito
foram mortos por uma avalanche que varreu o seu abrigo.
O local
do acidente era tão remoto que muitas das montanhas ao redor sequer tinham
nome. Os sobreviventes tinham pouca comida e nenhuma fonte de calor, a mais de
3.600 metros (11.800 pés) de altitude. A noite, a temperatura podia chegar a 40
graus negativos. Grupos de busca de três países procuraram o avião desaparecido.
No entanto, uma vez que o avião era branco, ele se misturou com a neve,
tornando-se praticamente invisível do céu.
Com o
passar dos dias, diante da fome e com notícias reportadas via rádio de que a
busca por eles tinha sido abandonada, o grupo coletivamente tomou a decisão de
comer a carne dos corpos de seus companheiros mortos preservados na neve,
começando pelo piloto. Dois dos sobreviventes eram estudantes de medicina e
tomaram a frente dessa iniciativa e, com os conhecimentos que tinham, tentaram
prover a todos com os nutrientes mínimos.Esta decisão se tornou ainda mais
difícil por a maioria dos mortos serem amigos próximos.
As
equipes de resgate não tiveram conhecimento da existência de sobreviventes até
72 dias depois do acidente quando os passageiros Fernando Parrado e Roberto
Canessa, depois de uma caminhada de 10 dias através dos Andes, encontraram um
chileno que lhes deu comida e alertou as autoridades sobre a existência dos
outros sobreviventes.
De 45
passageiros, apenas 16 sobreviveram e foram levados para hospitais em Santiago
e tratados para a doença de altura, desidratação, geladuras, ossos quebrados,
escorbuto e desnutrição.
Após o
resgate, autoridades do governo uruguaio aconselharam os jovens a não contar
como tinham sobrevivido, “que a verdade, se pública, os assombraria para
sempre”. Na época, Nando Parrado e Roberto Canessa, os expedicionários que
conseguiram atravessar os Andes e pedir socorro a um montanhista, se negaram a
esconder os fatos.
De
acordo com um dos sobreviventes, quando souberam que as buscas haviam sido
suspensas:
“As
pessoas, ao ouvirem a notícia, começaram a chorar e orar, todas exceto Parrado,
que olhou calmamente para as montanhas a oeste.
Gustavo
Nicolich saiu do avião e, vendo seus rostos, sabia o que tinham ouvido...
Nicolich
passou pelo buraco na parede de malas e camisas de rugby, agachando na boca do
túnel escuro e olhou para os rostos tristes que estavam voltados para ele.
'Ei
meninos', ele gritou: há boas notícias! Acabamos de ouvir no rádio. Eles cancelaram
as buscas.'
Dentro
do avião lotado reinou o silêncio. Como a situação de desespero nos envolveu,
todos choraram.
"Por
que diabos é uma boa notícia?" Paez gritou com raiva.
'Porque
isso significa', Nicolich disse, 'que vamos sair daqui por conta própria'.
Fonte:
Livro A Sociedade da Neve.
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